O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) notificou formalmente a Sete Brasil, na noite de ontem, que acredita ter a receber US$ 1 bilhão. O objetivo é deixar claro à Sete Brasil que seria importante considerar tais pendências em qualquer modelo de reorganização que a companhia venha a considerar, conforme apurou o Valor.
O EAS tem um contrato com a Sete Brasil para construção de sete sondas para uso da Petrobras. O valor contém US$ 120 milhões de notas de serviços prestados pelos fornecedores contratados pelo estaleiro para este projeto e que não foram honradas, devido à falta de pagamento pela Sete desde novembro do ano passado.
O valor total inclui indenizações que tais fornecedores estão pedindo ao EAS pelo encerramento antecipado do contrato – declarado por iniciativa do estaleiro e sem concordância da Sete Brasil.
Tais projetos são de longo prazo e exigem mobilização, pelos fornecedores, de materiais e de mão-de-obra especializada. Por fim, o EAS está cobrando da Sete, com este cálculo, todos os prejuízos que julga ter sofrido.
Fonte ligada à Sete Brasil têm entendimento contrário. A companhia alega ter deixado um saldo de US$ 600 milhões entre o que pagou ao EAS e o que este repassou aos fornecedores. Mas teria a cobrar do estaleiro valor ainda maior, incluindo indenização pela delicada situação financeira atual.
O EAS é controlado pelos grupos brasileiros Camargo Corrêa e Queiroz Galvão e por um grupo de empresas japoneses liderados pela IHI Corporation. O estaleiro foi criado para atender demandas ligadas à Petrobras, como outros quatro que também tem pedidos da Sete Brasil – total de 29 sondas.
O EAS enfrenta grave crise desde a paralisação da cadeia de financiamento da Sete Brasil. O estaleiro possui R$ 2,6 bilhões em compromissos financeiros com BNDES e bancos privados.
Toda paralisação é fruto do envolvimento da Sete Brasil nas investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF), que investiga suspeita de pagamento de “comissões” por determinados representantes dos estaleiros contratado à executivos da Petrobras.
A Sete Brasil propriamente não estaria envolvida. Hoje, os acionistas da Sete Brasil avaliam em assembleia um plano de reestruturação para a companhia. A empresa têm à frente como acionistas BTG Pactual, Santander e Bradesco.
Texto: Graziella Valenti e Ivo Ribeiro