A batalha de Captieux durou só alguns segundos e acabou com uma derrota decisiva para o possível invasor. O drone inimigo, sobrevoando uma instalação militar francesa ao sul de Bordeaux, foi facilmente detectado pelo radar, uma câmera de vídeo integrada confirmou sua identidade e uma rajada de um bloqueador de radiofrequência (“jammer”) interrompeu seus sinais de comunicação, desviando o aparelho de seu alvo.
Foi a primeira vez que um grupo de pequenas empresas inglesas demonstrou seu sistema de defesa contra drones em um palco internacional, diz Mark Radford, diretor presidente da Blighter Surveillance Systems, fabricante do radar do sistema.
Num momento em que a Amazon Inc. e o Google Inc. estão estudando o uso de drones para tarefas que vão da entrega de pacotes ao fornecimento de serviço de internet rápida, reguladores e militares se preocupam com a possibilidade de que drones baratos, já amplamente disponíveis no mercado, possam se tornar uma ameaça à aviação comercial, a instalações vitais e até mesmo a tropas das forças armadas.
Esses aparelhos, também chamados de veículos aéreos não tripulados, ou Vants, tendem a ser menores e mais leves do que seus homólogos militares. Isso também os torna mais difíceis de serem detectados. Apesar de os drones terem usos legítimos em campos como a fotografia e a produção de filmes, sua rápida propagação e potencial de uso inapropriado abriram as portas para o surgimento de um novo negócio: o desenvolvimento de sistemas de defesa anti-drones.
Uma série de incidentes nos Estados Unidos e na Europa ilustram o porquê disso. Uma ação recente do corpo de bombeiros de San Bernadino, na Califórnia, foi prejudicada por drones que sobrevoavam a área. Helicópteros usados para combater as chamas foram forçados a suspender temporariamente as operações devido a temores de uma colisão com os drones, informou uma autoridade da cidade. Em agosto de 2013, um drone sobrevoou as instalações da BAE Systems PLC onde são construídos submarinos para a Marinha Real Britânica, no norte da Inglaterra.
No mês seguinte, um minidrone atrapalhou um comício da chanceler alemã Angela Merkel. Em janeiro passado, em Washington, um aficionado de drones acidentalmente derrubou um nos jardins da Casa Branca, provocando o fechamento da área por questões de segurança. E, em abril, depois de vários drones terem sido vistos sobrevoando estações de energia nuclear na França, o governo contratou equipes de pesquisa militar para desenvolver armas que a polícia e a força aérea possam usar para derrubar esses aparelhos, que são do tamanho de um pássaro.
A fabricante francesa de equipamentos de defesa Thales SA está trabalhando na construção de um sistema que usaria radares para detectar drones, uma câmera para identificalos e sistemas bloqueadores sofisticados “para controlalos”, diz Dominique Gaiardo, vice presidente da empresa e encarregado da área de sistemas de proteção. A firma espera ter um protótipo pronto no fim de 2016, diz ele.
O Laboratório da Ciência de Defesa e Tecnologia do governo britânico afirma que os drones poderiam ser usados por um inimigo potencial contra os interesses do país e que está estudando o problema. Ao mesmo tempo, a Agência Europeia de Defesa, que é sediada em Bruxelas e cuja missão é promover a cooperação militar na União Europeia, está considerando se iniciativas de proteção contra os drones deveriam ter maior prioridade nos planos das forças armadas do continente.