O grupo sueco Saab, que venceu a concorrência para o fornecimento de 36 caças supersônicos Gripen para o Brasil, comprou 15% do capital da Akaer, empresa brasileira de engenharia aeronáutica especializada em aeroestruturas.
Em maio de 2012, a Saab havia feito um aporte de recursos na Akaer, equivalente a uma participação de 15%. A operação, conhecida como empréstimo conversível em ações, prevê que o limite de participação da Saab na Akaer seja de até 40%. A mudança na estrutura do capital da Akaer também a transformará em uma empresa de sociedade anônima.
Com o acordo, a Akaer passa a ser o braço técnico da Saab no Brasil e, desta forma, terá a responsabilidade de apoiar a companhia sueca no processo de transferência de tecnologia que será feito no âmbito do desenvolvimento dos caças Gripen, explicou o presidente da Akaer, César Augusto da Silva. “A participação da Saab na Akaer representa a vinda de um parceiro estratégico com reconhecida capacidade tecnológica, que irá propiciar à nossa empresa um salto tecnológico e com real transferência de tecnologia nos segmentos aeroespacial e de defesa”, afirmou.
Segundo Silva, a Akaer agora também terá maior responsabilidade no projeto dos caças, com o desenvolvimento de toda a fuselagem da aeronave. Até então a empresa era responsável pelo projeto da fuselagem central e dianteira.
“A partir do próximo ano começaremos a trabalhar no projeto da versão biplace (com dois assentos) do Gripen, que será inteiramente desenvolvida no Brasil”, disse. Com novas responsabilidades, o presidente da Akaer já prevê um aumento gradual no número de funcionários. “Devemos fechar o ano com um total de 300 empregados”, disse. O executivo também estima um crescimento da ordem de 50% no faturamento da empresa este ano, em torno de R$ 60 milhões.
A Akaer é uma das poucas empresas nacionais com atuação em quase todos os projetos de aeronaves da Embraer e de alguns fabricantes internacionais, como Boeing, Airbus e Eurocopter.
A Akaer e a Saab são parceiras desde 2009, quando a brasileira foi contratada para o desenvolvimento de partes da fuselagem do caça Gripen NG, a nova versão do caça que a companhia sueca está construindo. O acordo foi fechado antes de o resultado da compra dos caças ser anunciado pelo governo brasileiro.
A parceria com a Saab, segundo o presidente da Akaer, ajudará a empresa brasileira a colocar em prática o plano de transformá-la em uma integradora de estruturas aeronáuticas de nível um.
“O objetivo é tornar a empresa competitiva a nível global para atender a Embraer, assim como toda a indústria aeroespacial e de defesa do mundo”, afirmou.
Até 2020, segundo o executivo, a Akaer pretende ser a maior fornecedora de primeiro nível da cadeia de serviços brasileira, produzindo tecnologia do setor aeroespacial e de defesa para o mercado nacional. “Dessa forma também nos tornaremos um importante ator no mercado de exportação”, disse Silva.
O plano estratégico da Akaer como empresa integradora de aeroestruturas conta com o apoio da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), que aprovou um investimento de R$ 40 milhões, no âmbito do programa Inova Aerodefesa. O projeto contará com a participação de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), da Fatec e da empresa ThyssenKrupp.
Com a nova estrutura em curso, a Akaer pretende disputar uma fatia do bem sucedido mercado mundial de aeroestruturas, que em 2011 gerou receitas da ordem de US$ 43,6 bilhões. Deste total, US$ 19,2 bilhões são dominados pelas fornecedoras de nível um e US$ 26,7 bilhões pelas grandes fabricantes de aeronaves, que fabricam algumas estruturas internamente.