Ao longo das últimas seis décadas a indústria naval brasileira passou por períodos de crescimento, mas sempre com forte apoio do governo federal, num enredo que mescla oscilações cambiais, incentivos fiscais e crédito farto. As tentativas porém naufragaram em novas crises, e o primeiro grande impulso foi dado pelo presidente Juscelino Kubitschek, em meados dos anos 1950. O plano de desenvolvimento lançado por JK fixava metas de expansão para diversos segmentos da economia, incluindo o setor naval.
Não foi a única iniciativa. Os governos militares também dedicaram esforços a impulsionar a indústria naval. Em 1969, foi criada a Superintendência Nacional da Marinha Mercante (Sunaman) mas o órgão foi extinto em 1983, e durante o governo militar do general Ernesto Geisel (1974 a 1979) foi criado um novo plano de incentivos.
Mas apesar dos estímulos governamentais, o setor sucumbiu à crise nos anos 1980 (quando o Brasil declarou moratória). Não bastasse o ambiente econômico desfavorável, o setor sofreu os efeitos da má gestão dos estaleiros. A nova recuperação do setor teve início após o fim do monopólio da Petrobras, no governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), com a exigência de índices de conteúdo local pelas petroleiras a partir de 1999. Essa política recebe maiores incentivos a partir de 2003 quando Lula prometeu que as plataformas seriam construídas no Brasil.
No Rio, a retomada teve impulso em 1999, quando a Secretaria de Energia, Indústria Naval e Petróleo criou um programa de recuperação. Wagner Victer, que coordenou a operação, lembra que houve a retomada de 15 estaleiros. O programa consistia em separar os ativos do estaleiro de seus controladores endividados e buscar investidores estrangeiros de grande porte, como grupos de Cingapura.
Foi uma grande mobilização que envolveu trabalhadores e indústria nacional, pois todas as obras, sem exceção, eram feitas fora do país — destacou Victer. A ideia era desenvolver projetos de alta tecnologia, como a construção de plataformas e sondas de exploração,que antes vinham do exterior.
FONTE : O Globo