A Marinha do Brasil iniciou este mês a análise das propostas dos três consórcios que apresentaram propostas para escolha do contratante principal do projeto de monitoramento de uma área de 4,5 milhões de quilômetros quadrados da costa brasileira, conhecido pela sigla Sisgaaz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul). A lista com os finalistas será anunciada até 29 de outubro.
A contratante principal do Sisgaaz será responsável pela coordenação e execução dos trabalhos de desenvolvimento e integração dos sistemas (radares, sistemas de comunicação, satélites, drones, entre outros) produzidos pelas empresas fornecedoras do programa. A Marinha exigiu que a contratante principal fosse uma empresa brasileira com certificado EED (Empresa Estratégica de Defesa).
A Embraer Defesa & Segurança disputa o projeto com suas controladas (Bradar, Atech e Visiona) em parceria a Airbus Defence & Space. A Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), segundo o Valor apurou, apresentou a canadense-americana MacDonald, Dettwiler and Associates (MDA), a espanhola Indra e a sueca Saab como parceiras.
A surpresa foi a entrada da brasileira Orbital Engenharia, fornecedora do programa espacial, em parceria com o grupo China Aerospace Science and Industry Corporation (Casic). Treze consórcios chegaram a participar da fase inicial do projeto, com a retirada do pedido de propostas (RFP, na sigla em inglês), mas os cortes de verbas para projetos na área de defesa culminaram com a desistência da maioria da empresas.
Entre as desistentes estão a Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Engevix Sistemas de Defesa e Tecnologia, Synergy Defesa e Segurança, IESA Óleo e Gas e o grupo OAS. O diretor-geral de estratégia internacional da Airbus Group, Marwan Lahoud, número um da companhia na França, disse que esta será a primeira cooperação de grande escala com a Embraer em uma área que não é aeronáutica.
A empresa, segundo ele, tem competência para oferecer um amplo portfólio de produtos para o Sisgaaz envolvendo sistemas de monitoramento e controle marítimos (radares, satélites e sistemas de combate). A última vez que as duas empresas trabalharam juntas foi em 2005, quando a Airbus forneceu um sistema de missão naval para os jatos EMB-145 que a Embraer vendeu para o México.
O projeto conceitual do Sisgaaz, elaborado pela Fundação Ezute, teve um custo de R$ 38 milhões. O Sisgaaz de acordo com a Marinha, deverá ter sua implementação concluída até 2027. Ele deverá monitorar as águas jurisdicionais brasileiras e as áreas internacionais de responsabilidade para operações de socorro e salvamento. A Amazônia Azul é composta pela área da Zona Econômica Exclusiva, que corresponde a 3,5 milhões de quilômetros quadrados e pela plataforma continental (911 mil km²).
Com o Sisgaaz, a Marinha pretende implantar um sistema de vigilância e monitoramento que propicie um conjunto de informações que servirão de base a tomada de decisões, relacionadas a uma eventual ameaça, situação de emergência, desastre ambiental, agressão ou ilegalidade.
A Marinha informou que planeja investir R$ 9 milhões este ano no Sisgaaz. O investimento total na implantação do projeto é estimado em R$ 13 bilhões. O valor real, no entanto, segundo informou a Marinha, será conhecido após a abertura das propostas apresentadas pelas empresas candidatas.